terça-feira, 3 de março de 2015

O pássaro azul

Olá, Sr Bigodes! Veio para mais uma história?— A velha senhora cumprimenta o gato que esta sentado na poltrona a sua frente. Ela senta-se na outra poltrona, que esta de frente para a do gato.

"Eu tinha uns 12 anos quando tudo aconteceu. Era janeiro, se me lembro bem... Eu era uma das crianças inocentes que não sabia o que estava por vir em minha vida, na verdade, eu nem imaginava.

Sabe, quando eu era pequena, tinha mania de ir para floresta, adorava ouvir, de perto, os pássaros cantando logo de manhã, era uma canção doce, que me envolvia das cabeças aos pés e me fazia dançar sem querer, muitas vezes tropecei em galhos e me machuquei por estar tão envolvida, sem perceber o que acontecia a minha volta.
Um dia, que poderia ser um dia qualquer, mas não era, eu cheguei a floresta, ansiosa para ouvir minha canção, estava muito animada para isso, andava saltitando, apenas ouvindo as folhas secas se quebrando.
Eu quase cai, pois parei sem jeito e escorreguei, só me salvei por ter conseguido segurar em um galho baixo. A causa da minha freada desengonçada era a canção que os passarinhos cantavam, não era a canção doce de sempre, era um canção triste, muito triste.
Olhei em volta, procurando a causa da tristeza e me surpreendi ao ver um lindo pássaro, de penas azuis, deitado um tronco de uma árvore cortada.
A cena me deixou angustiada, andava lentamente, arrastando meus pés... Os passarinhos estavam cantando uma canção de adeus.
Andei até onde o pássaro estava, ele já não respirava mais, minhas lágrimas, que eu só percebi naquele momento, caiam nas lindas penas da ave. Eu cantei, mais afinado que possível, a mesma canção que a família da ave cantavam.
Naquele dia eu voltei muito tarde para casa, minha mãe brigou comigo, mas não disse mais nada depois que a abracei, chorando desesperadamente por ter lembrado do lindo pássaro azul"

A velha passa os dedos por sua bochecha, secando as lágrimas que rolavam por ele. O gato, por um momento, pensou em conforta-la, mas ela não deu chances, pois olhou o relógio e viu que tinha que terminar seus afazeres.